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Diagnóstico precoce de osteoporose ainda é desafio

Falta de equipamentos e de capacitação dos médicos dificulta rastreamento da doença.

Reprodução: ALMG

A Comissão de Participação Popular debateu a necessidade de políticas públicas para o diagnóstico precoce da osteoporose | Foto: Alexandre Netto

A necessidade de melhorar o diagnóstico e o tratamento da osteoporose, em especial no Sistema Único de Saúde (SUS), depende de conscientizar a população, capacitar os profissionais de saúde e adquirir equipamentos. Os pontos foram ressaltados pelos participantes de audiência pública na manhã desta segunda-feira (21/10/24).

O encontro foi realizado pela Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e marcou a celebração do Dia Mundial e Nacional da Osteoporose. Depois da reunião, a população teve acesso a exames gratuitos para a doença no OsteoTruck, uma van equipada para diagnósticos rápidos e mantida pela Associação Atópicos.

Diagnóstico precoce pode prevenir fraturas

A osteoporose provoca perda progressiva de massa óssea, tornando os ossos mais frágeis e propensos a fraturas.  O envelhecimento da população é um dos fatores que tem aumentado a incidência da doença, a qual atinge em especial mulheres acima de 50 anos. Para diagnosticar a doença precocemente, é necessário um exame chamado densitometria.

O problema, segundo o médico Bruno Muzzi Camargos, é a escassez de equipamentos para a realização da densiometria no SUS. Atualmente, o Brasil tem 2.800 aparelhos, mas a maioria está nos hospitais particulares dos grandes centros. Ele defendeu a aquisição de equipamentos pelo SUS ou a construção de caminhos para o reembolso de pacientes que pagarem pelos exames.

O diagnóstico precoce, realizado com o equipamento, pode reduzir os riscos de fraturas causadas pela doença. Frederico Marcondes Santos, gerente médico da Applied Molecular Genetics Inc., apresentou alguns dados que indicam que há um gargalo no sistema de saúde nesse aspecto.

Ele afirmou que há um aumento da taxa de fraturas no Brasil, que passou de 115 por 100 mil habitantes em 2015 para 127 em 2019. Ainda foi registrado o aumento de óbitos em decorrência das fraturas: de 2013 a 2022, o número de mortes quase dobrou.

Osteoporose precisa ser rastreada nas primeiras fraturas

Não avaliar e não tratar a osteoporose por trás das fraturas é um dos principais problemas a serem enfrentados, para Frederico Marcondes Santos. De acordo com ele, 80% dos pacientes que tiveram fraturas causadas por fragilidade óssea não são sequer avaliados para osteoporose.

Nesse sentido, o médico Sérgio Nogueira, do Hospital Ortopédico de Belo Horizonte, afirmou que, em geral, a primeira fratura decorrente da osteoporose costuma ser no punho. Nesses casos, que costumam acontecer com pessoas em fases iniciais da osteoporose, é importante investigar se a causa é a doença.

Se as primeiras fraturas são as de punho, as mais comuns são vertebrais e muitas delas são assintomáticas, o que piora o problema. Segundo Frederico Marcondes, é preciso buscar ativamente essas fraturas a partir de exames como raio-X. Ele indicou, ainda, que 86% das pessoas que tiveram uma fratura vertebral terão outra em um prazo de um ano.

Qualidade de vida

Os participantes da audiência também ressaltaram a importância do diagnóstico e do tratamento da osteoporose para garantir a qualidade de vida das pessoas. Afinal, as fraturas podem resultar, por exemplo, em perda de mobilidade persistente.

O deputado Lucas Lasmar (Rede), autor do requerimento para a audiência, falou sobre o risco de desenvolvimento de outras doenças a partir dos quadros de fraturas por osteoporose, como pneumonia e escaras. Outro ponto é a sobrecarga da família, que precisa se encarregar do cuidado com os pacientes.

Outra questão é a escassez, no SUS, de profissionais necessários para a completa recuperação desses pacientes, como fisioterapeutas, piorando a qualidade de vida de quem teve fraturas. Há, ainda, a sobrecarga dos serviços de saúde, já que o gastos relacionados às fraturas e suas consequências são maiores do que os investidos em diagnóstico precoce.

Como forma de enfrentar o problema, o deputado Lucas Lasmar defendeu a aprovação de dois projetos de sua autoria. Um deles é o Projeto de Lei (PL) 2.827/24, para que haja uma capacitação contínua de profissionais de saúde para o diagnóstico precoce e o tratamento da osteoporose.

O outro é o PL 2.787/24, que institui a Semana Estadual de Prevenção e Controle da Osteoporose, com o objetivo de facilitar o acesso a exames de densitometria óssea gratuitos ou subsidiados, promover campanhas educativas e estimular a prática de atividades físicas e a adoção de hábitos alimentares saudáveis como forma de prevenção.

Os participantes da audiência deram seu apoio às propostas. 

O representante da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Leonardo de Assis Velloso, também apoiou as propostas. Ele disse, ainda, que é importante atuar na prevenção da osteoporose com incentivo a hábitos mais saudáveis de vida e à suplementação de cálcio quando necessário.

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