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SAÚDE PÚBLICA

BH registra uma das piores qualidades do ar do mundo; uso de máscara passa a ser opção

Crianças, idosos e pacientes de doenças respiratórias são os mais afetados; veja cuidados

Fumaça encobre o céu de Belo Horizonte nos últimos dias | Foto: Flávio Tavares

Belo Horizonte registrou, na madrugada desta quarta-feira (4), um dos piores índices de qualidade do ar do mundo. A plataforma de monitoramento IQAir ranqueou a capital mineira entre as cidades com a maior poluição atmosférica, considerada “insalubre”, em todo o globo.

De 1h às 6h da manhã, os belo-horizontinos respiravam um ar comparável ao de Pequim, na China – um dos maiores centros industriais do planeta. Segundo especialistas, crianças, idosos e pessoas que vivem com doenças pulmonares são os mais afetados pelo tempo seco. Em casos de sensibilidade respiratória, o uso de máscaras volta a ser opção.

Conforme o IQAir, Belo Horizonte registrou uma qualidade do ar ao nível 152-153 durante a madrugada. Na escala mundial, este número indica insalubridade e riscos à saúde humana.

Para se ter ideia, a concentração de poluentes ficou mais de nove vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No mesmo período, em Pequim, a poluição atmosférica era considerada “moderada”. 

A qualidade do ar piorou na metrópole asiática durante a tarde, alcançado o índice insalubre de 154. No topo do ranking está Kinshasa, cidade da República Democrática do Congo, na África, que registrou índice de 167 de qualidade do ar. 

A plataforma IQAir monitora em tempo real uma média do Índice de Qualidade do Ar (AQI) registrado em todas as estações e sensores de grandes cidades pelo mundo ou por imagens de satélite.

Simultaneamente, só quatro metrópoles ultrapassam a marca de 151 na escala AQI de poluição atmosférica às 14h desta quarta-feira (4), incluindo a cidade de São Paulo (153).

Belo Horizonte acumula dias com índices de umidade relativa do ar por volta de 12%, o que é comparado ao documentado no clima de um deserto. Já são quase 140 dias sem chuvas na capital, e a onda de calor deste início de setembro piora a sensação de secura. Para a saúde humana, todos esses indicadores são agravantes. 

“Temos dois fatores principais nesse cenário: uma enorme quantidade de dias sem chuva e uma qualidade do ar grave prejudicava pelo aumento das queimadas. A redução da umidade do ar causa sensação de cansaço e piora dos quadros de doenças respiratórias como asma e bronquite. É comum sentir uma sensação de sufocamento”, explica o médico da família Artur Mendes. 

Segundo o especialista, os grupos mais vulneráveis são crianças, idosos e pessoas que vivem com doenças pulmonares. Agora, o reforço na hidratação não pode ser negligenciado.

“É comum que pessoas idosas sintam menos sede, o apetite reduz, mas isso não pode ser um impeditivo neste tempo seco. Da mesma forma, os pais de crianças devem ficar atentos, muitas vezes, os pequenos não sabem informar o próprio mal-estar”, aconselha. Em caso de desconforto respiratório ou fadiga incomum, o recomendado é buscar atendimento médico para evitar complicações de saúde. 
 
O uso de máscaras precisa voltar?

Com índices de poluição atmosférica tão altos, a possibilidade de uso de máscaras passou a ser questionada entre os grupos mais vulneráveis ao tempo seco. Esta é a recomendação da médica pneumologista Michele Andreata para a população sofrer menos com as questões respiratórias, inclusive em meio às queimadas.

“O ideal é a N95, mas caso não seja possível, pode-se usar a que estiver disponível”, explica. O equipamento (máscara N95) é útil para filtrar 95% das partículas presentes no ar.

Andreata aconselha ainda a lavagem nasal e a umidificação do ar. A lavagem deve ser feita com soro fisiológico uma vez no dia. No caso de pacientes com doenças respiratórias, pode ser realizada mais vezes. Com relação à umidificação do ar, ela pode ocorrer com o uso de umidificadores ou por meio de toalhas colocadas em bacias.

“É recomendável que se mude o local do umidificador a cada duas horas para não criar um ambiente propício para a reprodução de fungos”, detalha a médica.

Fechar as janelas em vez de abrir!

A plataforma IQAir recomenda, nas cidades com baixa qualidade do ar, que as janelas das casas, escritórios e ambientes públicos fiquem fechadas para reduzir o contato com a poluição atmosférica.

Apesar de ser uma orientação conflituosa em meio à onda de calor, o médico da família Artur Mendes avalia que a medida é positiva para reduzir os riscos à saúde respiratória.

“As janelas fechadas são uma barreira para a poluição do ar e a fumaça que têm coberto Belo Horizonte. Em casa, fechar as janelas vai impor um calor. Por isso, a saída será usar umidificador ou outras alternativas, como toalhas molhadas e balde com água”, orienta. 

Veja os cuidados no tempo seco:
  • Reforce a hidratação durante o dia; 
  • Prefira alimentos leves e frescos, como saladas, frutas, carnes grelhadas; 
  • Evite frituras; ⠀ 
  • Durma em local arejado e umedecido por aparelhos umidificadores, ou coloque uma bacia com água; ⠀ 
  • Evite atividades físicas ao ar livre e exposição ao sol entre as 10 e 17 horas; ⠀ 
  • Evite banhos com água muito quente, para não potencializar o ressecamento da pele, se necessário use hidratante; ⠀ 
  • Em caso de problemas respiratórios procure um especialista; 
  • Não provoque queimadas em lotes vagos, matas ou florestas. Em caso de incêndio avise imediatamente, ao Corpo de Bombeiros (193), Defesa Civil (199) ou Polícia Militar (190).  
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